Como desenvolver o hábito da leitura entre os jovens pode auxiliar na linguagem, imaginação e no desenvolvimento de habilidades essenciais para a formação humana.

De acordo com um estudo de caso realizado pela Universidade Federal do Pará, em parceria com o Projeto Literatura da Biblioteca do SESC DOCA, as atividades literárias se mostram ferramentas importantes para estimular a cognição das crianças. Como já afirmou o escritor brasileiro, Carlos Drummond de Andrade, “A  infância é a fase em que tudo é mistério, descoberta e invenção”. Por isso, é fundamental ajudar os pequenos a ampliar sua compreensão, participação e interesse pela leitura, favorecendo a capacidade de navegar pelo mundo, habilidades que, segundo a pesquisa, podem ser desenvolvidas nos livros.

Quem fala mais sobre isso é Paula Torini, cientista e mãe da Olga de 3 anos. Ela contou um pouco sobre o que instiga a sua filha na leitura e relembrou da sua infância e o que a estimulava a apreciar os livros:

“Ela gosta muito de livros de dinossauros, livros com bichos, insetos e de gibi também. Eu gosto muito de gibi. Minha infância teve muito contato com gibi. Meus pais não tinham tanta familiaridade com a leitura. Sempre tinha livro disponível em casa, mas acho que, a partir do momento em que comecei a ler, isso fez muita diferença. A familiaridade com a leitura é um início importante. A gente gosta de estimular o hábito de ler e também o hábito de imaginar as histórias. Acho que isso abre um mundo de criatividade e de interesse. Então, para a gente, é super positivo.”

No entanto, os impactos que a literatura infantil tem na vida adulta,  não é só uma percepção de Paula. Segundo o estudo da Universidade da Carolina do Norte, The Carolina Abecedarian Project, que analisa os efeitos da educação infantil, mostrou que intervenção intensiva e a estimulação educativa na primeira infância associada a ganhos cognitivos, melhor desempenho escolar e efeitos positivos na vida adulta.

Porém, como desenvolver o interesse nos livros enquanto os mais novos cresceram com as telas, que são atrativas, coloridas, brilhantes e quase hipnóticas?

A pesquisa mais recente da série Retratos da Leitura no Brasil, conduzida pelo Instituto Pró-Livro  que já está em sua 6ª edição , oferece dados detalhados sobre os hábitos de leitura da população brasileira. De acordo com os dados coletados, 41% das crianças de 5 a 10 anos afirmam gostar muito de ler. Esse número cai para 28% entre os jovens de 11 a 13 anos e para 23% entre os de 14 a 17 anos. Porém, como é possível reverter essa situação?

Wagner é professor da rede municipal e afirma que o contato das crianças com os livros depende diretamente das experiências que lhes são oferecidas tanto em casa quanto na escola.

“Todo livro que eu leio para minha filha e que eu leio para meus alunos, para as crianças, eles gostam. As crianças são muito abertas a todo tipo de experiência que a gente oferece. Se você oferece livros, elas vão gostar. Se você oferece o mundo digital, elas também vão gostar. Agora, o audiovisual e as telas têm um apelo muito grande, com uma recompensa muito imediata e contínua. Já os livros estão cada vez menos presentes em algumas casas.Em alguns lares, quando os pais leem e se interessam por livros, as crianças acabam desenvolvendo esse interesse também. Já quando isso não acontece, as telas acabam se tornando o principal espaço de interação das crianças.”
 

Estudos e conferências organizados pela UNESCO reforçam que investimento em atendimento e educação na primeira infância tem retornos positivos em habilidades cognitivas e sociais. No entanto, quais são os livros que vão ajudar no desenvolvimento e despertar o interesse na leitura. Wagner fala mais sobre isso:

“Todos os livros são legais, principalmente os livros que eles escolhem. Minha filha, por exemplo, gosta de escolher os próprios livros. Ela vem, olha vários, avalia e escolhe. A gente sempre procura deixar as crianças escolherem, considerando o interesse delas, mas também fazemos nossas escolhas.Existem livros que ajudam muito na imaginação, que têm uma narrativa envolvente, uma estética interessante e imagens que estimulam a criatividade. Esses livros contribuem bastante para que as crianças criem gosto pela leitura.”

Por Luiza Borgli

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