LIVRARIAS DE RUA INDEPENDENTES CRESCEM E GANHAM FORÇA EM SÃO PAULO
Com a concorrência do comércio eletrônico, falta de políticas públicas e brasileiros lendo cada vez menos, livreiros encontram resistência pós pandemia.
O Brasil é um país que não lê. Esse é o resultado da 6ª edição da pesquisa realizada da “Retratos da Leitura no Brasil” que aponta que 53% dos entrevistados não leram nenhum livro nos últimos meses de 2025, ou uma redução de quase 7% de leitores em comparação à pesquisa anterior. Esse levantamento aponta livros de qualquer gênero, incluindo didáticos e religiosos. Somente a Bíblia aparece entre os títulos que foram mencionados, mas não é contabilizada como leitura completa.
Com a ascensão do mercado eletrônico, o aumento de celulares com Internet e demais fontes de entretenimento, somada à falta de políticas públicas e incentivo, ajudaram no enfraquecimento do hábito de ler, deixando grandes redes conhecidas, como a Livraria Cultura e Saraiva, por exemplo, decretarem falência.
Na contramão desse levantamento e desse crescimento digital, livrarias de rua especializadas e temáticas, encontraram o seu público e estão apostando alto em atividades personalizadas para atrair público. Segundo a Associação Nacional de Livrarias, desde 2021, ainda em período pandêmico, houve um crescimento desses locais e o país registrou mais de 100 novos comércios literários. Mais do que pontos de literatura, livreiros apostam em uma curadoria especializada de seus títulos e em uma programação cultural variada para atrair um público mais interessado e curioso.
Adalberto Ribeiro, sócio proprietário da Livraria Simples, fundada em 2016, nos contou o que atribui a esse crescimento das livrarias de rua:
“Livrarias independentes, projetos autorais e novos surgiram para ocupar esses espaços deixados por essas livrarias. Uma luta muito grande de uma parte dessas livrarias e isso tem a ver com esse Mapa ( Mapa das Livrarias de Rua ) que surgiu, que é um acontecimento muito relevante, eu diria, para essa história do varejo do livro. Essas livrarias estão muito articuladas e sabendo que tem papel, muito além de comprar e vender livros. É um papel relevante na sociedade” afirma ele.
No entanto, as livrarias que estão surgindo, estão em bairros mais centralizados; o que dificulta o acesso à leitura nas periferias da cidade . O estagiário e estudante de História, morador da Zona Sul de São Paulo, Micael Jackson, nos contou que a leitura entrou em sua vida recentemente, que só começou a ler depois que entrou na faculdade e comenta a falta de livrarias independentes em lugares mais afastados da região central.
“Eu acho que é uma questão de classe social também. Todos os espaços de cultura estão distanciados das periferias. Eu acredito que deveriam existir livrarias, mas o acesso ao livro deveria ser mais democratizado. Então, acho que só existir livrarias não solucionaria um problema. Acho que precisa democratizar não só o livro, mas também democratizar o acesso à cultura de um modo geral”.
A Central de Notícias da Rádio Futura é uma iniciativa do Projeto “Revolução na psiquiatria: A humanização no legado de Nise da Silveira!”. Este projeto foi realizado com o apoio da 9ª Edição do Programa Municipal de Fomento ao Serviço de Radiodifusão Comunitária Para a Cidade de São Paulo.



